quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

MASP - Exposição Pirelli

O que faltou? Acredito que mais fotos, porque as que tinham não eram simples fotos mas sim arte, obras de arte captadas, montadas e captadas, a quantidade de fotos para se olhar não foi pouca, cerca de três por fotográfo, alguns com mais que três mas a média era essa, e, para mim pelo menos, pareceu pouco, cada um tinha uma história para contar, uma visão das coisas para apresentar, uma maneira de trabalhar, de fotografar, de se expressar e pareceu por um momento que a exposição apenas introduzia essas idéias, maneiras e expressões dos fotógrafos, fiquei com gosto de quero mais ao apreciar as últimas fotos, infelizmente o MASP estava fechando quando cheguei na última foto e não pude voltar e começar tudo de novo, mas valeu muito a pena toda essa experiência e acho que pretendo voltar lá mais algumas vezes nas próximas semanas, não para apreciar as fotos da exposição Pirelli, porque já se foi, acabou, mas para apreciar arte em geral, esperando por uma próxima exposição de fotos inspiradoras.
Vamos começar pela minha ordem não cronológica, nem alfabética, vamos começar falando dos artistas que mais gostei, das fotos dos Albinos de Gustavo Lacerda, incrível a maneira que essas pessoas que nem sei dizer ao certo se são mesmo pessoas Albinas ou simplesmente pessoas bem brancas com cabelos louros quase brancos e olhos azuladissimos, mas isso na verdade é o que menos importa, o que mais importa é como aquelas pessoas sem expressão nenhuma se destacam em uma exposição cheia de cores, movimentos e alegria, como aquelas três pessoas paradas de frente para a câmera roubaram a exposição, aquelas pessoas estavam paradas e sem expressão mas diziam muito mais que outras fotos muito mais “movimentadas”, sem fazer uma careta, sem fazer uma expressão, sem estar sequer em uma posição passivel de expressão podemos ver uma certa tristeza no fundo dos olhos dessas pessoas, que ao meu ver, ainda por mais sem expressão que estivessem ainda sim mostravam tristeza, mostrava o que a discriminação com o diferente faz com a alma das pessoas, porque com certeza essas pessoas sofriam com isso e é algo que marca na alma, é incrível ver expressão onde não se tem expressão.
Marco Mendes me chamou a atenção por uma maneira um tanto sutil de utilizar as sombras, na verdade, a luz, como a luz pode ser bem utilizada para se destacar o que se deve ser destacado e se esconder o que não tem tanta importância, aquela senhora idosa com o gato e aquele banco e a janela, tenho que admitir que fiquei alguns minutos observando como tudo naquelas fotos tinha sido minuciosamente pensado e trabalhardo para ficar realmente lindo, mas na exposição também me impressionei como Alberto Bitar pode tirar fotos tão únicas e belas que para mim foi tipo: “nossa, que legal, fotográfa e ta ótimo” algo bem espontâneo e que deixou um destaque, deu uma impressionada pelo menos em mim, como coisas simples e de momento podem ser belas. Mais exemplos de coisas que aconteceram naquele momento que ficaram com uma aparência bela foram as fotos da Cia de Fotos, pessoas, passando por ali, aleatóriamente no que me pareceu ser a 25 de Março em meio a um dia bem movimentado e o trabalho um tanto similar de Marlene Bergamo, que tirou fotos do bairro da Liberdade e da janela de um ônibus, algo de momento, é aqui e agora, e ela tira a câmera da mochila e tira uma foto, ou uma dúzia, mas se ela demorasse um segundo a mais para tirar a foto tudo poderia ser bem diferente, tudo seria bem diferente, mas não foi, foi belo e com uma perspectiva única. Também única foi a perspectiva de Luiz Hossaka sobre a paulista dos anos setenta, lotada de fuscas, coisa que com certeza nunca mais veremos, fuscas dominando as vias da Av Paulista.
Maria Sampaio, Octávio Cardozo e Iedia Marques se mantiveram ao meu ver no mesmo campo, o da pobreza, em mostrar beleza onde geralmente não vemos a beleza das coisas, no meio de pessoas menos favorecidas da sociedade, seja olhando elementos do dia-a-dia, seja olhando para panelas, para o passa tempo dessas pessoas, a pintura ou até um cabelereiro, tudo há beleza se olhado de maneira certa, de um jeito que possamos apreciar a beleza que para sociedade é inexistente. Já Marcio Rodrigues foi um pouco além de mostrar a beleza das coisas que rodeiam essas pessoas, e mostrou-nos a beleza destas pessoas, de suas peles com rugas e calos e como a beleza depende apenas de ponto de vista.
Quando falamos em pobreza muitas pessoas já associam com pessoas negras, sim, de fato a predominância dessa classe econômica realmente é de negros, mas um erro é fazer esta associação, essa discriminação, foi isso que pensei vendo Buer Sá mostrando a beleza de um corpo humano e negro, como ele já coloca o negro em um patamar de corpo bem definido, corpo bem trabalhado que as pessoas de classe inferiores não tem dinheiro para ter, ele tira o esteriotipo: negro é pobre e traz para: negro, com dinheiro, saúde e beleza, sim, isso existe, e é bom que isso exista, é bom que alguém veja a beleza destes corpos, do corpo humano no geral, dos seus musculos, coisas que nem todos damos valor, eu por exemplo só penso neles quando tenho que pegar minha namorada no colo ou quando tenho que subir escadas, totalmente esquecidos pela população e totalmente lembrados por Buer Sá.
Uma das coisas que mais me manteve ocupado foram as fotos de Mariano Klautau Filho e George Leary Love, eles foram os elementos de transição da exposição, depois deles eu vi uma exposição diferenciada e com focos alternativos, em elementos distintos com um espaço pequeno de uma foto para outra, suas fotos estavam bem no fundo da exposição, já bem posicionadas realmente como se a partir dali veriamos uma exposição diferente do começo, suas fotos uma em panorama e outras bem diferentes e com efeitos de movimento foram o divisor de águas da exposição, dividiram bem, de um lado Moisés e do outro o Egito. George Leary Love disse uma coisa com suas fotos: “Há sim beleza no movimento”, e isso ele nos mostrou bem, mas apesar deles terem dividido a exposição para mim eles terminaram.

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