sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Damien pt3 (final)

Cap1. Prazer, meu nome é…(Parte 3)


- Porque não acaba de vez com meu sofrimento? – Disse 309667

Me levantei da cadeira na qual estava sentado, me aproximei dele e pude ver perfeitamente a sua ferida aberta no peito. O sangue jorrava por ela como uma nascente de um ria pelas rochas, se ele não fosse mais resistente que um ser humano normal já estaria morto naquele momento.

- Você até teria bastante chance de sobreviver, se alguém se importasse com a sua vida. – Falei olhando para o corte que se situava um pouco acima do peito, diria que no ombro, ou não.

- É por isso que estou pedindo para acabar com isso logo. – Em seguida ele tossiu mais uma bela quantidade daquele liquido quente e alaranjado pela boca.

Parei por um instante analisando seu pedido,olhei bem fundo em seus olhos negros, não tão negros como os meus mas ainda sim negros. Aquilo era um pedido justo, acabar com a vida de alguém que estava morrendo lentamente. Voltei para minha cadeira abrindo o bolso do meu casaco e tirando meu maço de cigarros, vi que só havia um cigarro nele então não tive que guardar ele de volta no bolso.

- Sabe, não acho que vocês clones merecem, não merecem nada, nem dó, nem piedade, nem misericórdia, nada. – Disse expelindo aquela nuvem de fumaça cinza bem em seu rosto, o que gerou mais uma crise de tosse sangrenta.

- Não acho que mereça também, afinal… somos apenas cópias do que você foi um dia.

Um pouco de pena por aquela criatura cruzou meu coração cinza e sem muitos sentimentos, mas não seria o suficiente para ter dó deste ser, para atender seu pedido.

- Se você me der alguma informação váliosa eu faço o que me pediu, se não der eu deixo você morrer lenta e dolorosamente.

- Só tem uma coisa que sei, que talvez mais ninguém saiba, e talvez por isso os clones tenham uma vida tão curta. – Fez uma pausa dramatica olhando para mim, não havia mais iluminação natural e o vento gelado da noite entrava pela janela, vi seu braço criando atrito no outro braço, o gélido manto da morte estava caindo sobre ele, o frio era o primeiro passo da morte de um clone, seguido por uma febre incontrolável e então seria o fim para ele. – A missão não é salvar e proteger. A missão é destruir e conquistar, eles não criaram as colônias para salvar a espécie humana, mas apenas para conseguir todo o controle sobre ela.

- Como pode ter tanta certeza? – Perguntei mesmo já sabendo que esta era uma hipótese válida, sentia que nada disso era verdade, que a empresa não era tão boazinha quanto queria parecer, não existe bondade no mundo, apenas uma regra regida pelo dinheiro.

- As missões são de assassinato, não de captura, eles precisam de uma nova cara para estampar o jornal, e advinhe, a sua cara é a próxima cara que eles querem para isso. O ataque da noite passada estava previsto há muito tempo, eles sabiam de tudo, tudo.

Permaneci em silêncio ouvindo as tosses do 309667, ele não parava de tossir e expelir aquela coisa asquerosa e alaranjada, apaguei meu cigarro em uma poça do sangue meio coagulado dele que estava do lado da cadeira e me levantei, joguei o cigarro no colo dele sem me importar em nada no comprimento do que havia dito, nada mais tinha importância, havia entre nós um traidor e eu tinha que descobrir quem era ele antes que fosse tarde demais.

Parei perto das escadas, antes de descer admito ter sentido uma repulsa por aquele ser que continuava tossindo. Posso dizer que senti também um pouco de pena dele mas logo foi substituído pelo enorme nojo e aversão a aquele ser que nem vivo deveria estar. Virei as costas para o lado onde ele estava sentado e deixei que ele morresse lenta e dolorosamente até se afogar em seu sangue nojento.

Desci as escadas lentamente ainda pensando no próximo passo, não poderia deixar nada ferir Lucy, minha querida Lucy. Teria de agir, rápido e insensivel, dar fim a este complô sobre nossos ombros, seriamos um grupo em poucas horas e com uma missão, não havia espaço para traidores.

Ah! Antes que me esqueça. Prazer, meu nome é Damien.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Damien pt2

Parte 2 atrasada por causa das festas de fim de ano e minha incapacidade de acessar a internet.


Cap1. Prazer, meu nome é…(Parte 2)


Caminhei até perto dele mas não consegui achar mais nada que pudesse ler,nada pelo menos relevante e que contivesse mais de três palavras inteiras e sequenciais. Que tédio era esse novo mundo quando se falava em passa-tempos literários. É difícil achar algo que desse para ler hoje em dia, a maioria dos livros que estavam nas livrarias tinham sido encharcados ou queimados e não conseguia ler um sequer do começo ao fim.
Ficava bem triste quando pensava nisso, sabia que não leria nenhuma obra nova de nenhum autor, sabia que ficaria sem meus antes tão amados quadrinhos e sem os magnificos livros de Neil Gaiman, oohhh vida cruel.


Logo voltei para minha pequena missão, a busca pelo que havia me atraido até ali, caminhei em circulos naquele pequeno pedaço de calçada até que notei que logo a minha frente estava um antigo McDonald’s, foi então que notei que aquele algo que estava me incomodando tanto vinha lá de dentro, não era uma coisa que me incomodava na verdade, era mais algo que parecia estar me chamando, um odor, algo até agradável.


Atravessei a moldura que um dia havia tido um vidro no meio e que agora estava esparramado no chão em pequeninos pedaços que me lembrou as constelações, não sei porque, talvez por estarem brilhando a fraca luz que vinha de uma lâmpada que sismava em ficar ligada no teto.


Ali dentro nada mais parecia inteiro, as mesas estavam aos pedaços e as paredes com mais buracos que um quejo suiço, tentei não fazer muito barulho enquanto passava por cima dos destroços, e foi neste momento que reparei em uma pequena mancha alaranjada no chão, o que para qualquer pessoa normal não significaria nada para mim estava bem claro do que se tratava, sangue deles.


Subi as escadas num instante e notei que estranhamente lá em cima nada estava muito quebrado, as coisas estavam derrubadas, algumas trincadas, outras coisas sem uma perna ou sem encosto mas tudo estava praticamente o mesmo de quando eu visitava aquele lugar, de quando tudo era semi-normal. Quando dei a volta em uma pilastra vi uma mesa tobada com os pés encostados na parede e algumas outras mesas e cadeiras derrubadas, dei a volta na mesa e vi um deles sentado com as costas apoiada na mesa.


A luz que entrava pela grande janela era fraca e a luz dos postes já era mais forte que a luz do sol, logo teriamos só a luz artificial para nos iluminar, notei feliz que ele estava bem ferido e já tinha uma idade bem avançada, acredito que uns três anos, talvez até mais, fiquei ali parado por um tempo olhando para ele, sabia que ele também me olhava com uma expressão triste, sorri vendo seu sangue laranja escorrendo pelo seu ombro em um ferimento bem profundo, qualquer ser humano já teria morrido com aquele ferimento, mas não estavamos falando de um ser humano normal.


- Você vai morrer. – disse a ele reparando na plaquetinha com seu número de identificação (309667) e em baixo o logo da empresa que ele trabalhava, Clonnard, li com nojo, queria mais que tudo na minha vida dar fim ao que ela fazia.


- Eu sei. – ele disse seguido de tosses e um cuspe de sangue laranja no chão, sangue que também escorria pelo canto de sua boca.



Fiquei parado olhando para elel que pareceu não se encomodar que eu o observasse, notei então como a vida humana era frágil, digo vida humana sem me incluir na humanidade, já que eles mesmos não nos incluiam e até haviam nos dado outro nome, “inumano” é como eles nos chamavam, como se depois do que houve não fossemos mais humanos, e como se não fosse o bastante ainda atribuiram a culpa disso tudo a nós. Não! Eu discordo dessa teoria, discordo de tudo que a Clonnard afirma, eu não apoio nada que esta empresa fale, além de criarem uma nova definição para nossa espécie ela promoveu a discriminação desta espécie, que gerou uma série de atos violentos, no fim, guerra.